sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Saneamento básico é ultrapassado e ineficiente

Uma rede coletora antiga e uma demanda crescente nas últimas décadas. Esses dois fatores são os responsáveis pelas péssimas condições em que se encontra o saneamento básico, que conta com cobertura de rede coletora em apenas 35% do seu território. Na capital de Pernambuco, são muitos os os bairros que não dispõem do sistema, a exemplo do Cordeiro, Jardim São Paulo e Água Fria, só para citar algumas áreas. A situação crítica também é repetida em Jaboatão dos Guararapes, onde localidades como Engenho Velho, Prazeres, Sucupira e Cavaleiro ainda não dispõem de rede coletora de esgoto, mas apenas das chamadas fossas sépticas, segundo informações da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

De acordo com Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil - entidade que analisou o serviço em 100 cidades brasileiras - foram duas décadas sem investimentos nacionais em esgotamento sanitário. Quando as grandes empresas de esgoto foram construídas, por volta dos anos 1970, foi priorizado o serviço de abastecimento de água, e o saneamento básico ficou em segundo plano. “Isso acabou coincidindo com o êxodo rural e a criação das regiões metropolitanas. Hoje, Recife e Jaboatão possuem uma rede coletora desgastada e uma demanda enorme do serviço”, declarou.

A comunidade “Escorregou, tá Dentro”, localizada no bairro de Afogados, é a prova que a situação de algumas localidades da Região Metropolitana do Recife - que conta com apenas 30% de rede coletora em seu território - beira à desumanidade. Para transitar por lá, é necessário muito cuidado, já que as 176 famílias que moram no local só se locomovem através de um pequeno corredor, no qual não cabem duas pessoas. Qualquer pisada em falso pode significar uma queda no canal repleto de lixo e esgoto que corta o lugar. Por isso, o nome.

Em “Escorregou, tá Dentro”, crianças e idosos convivem diariamente com o esgoto a céu aberto e sofrem com a falta de saneamento básico. Para a dona de casa Analú Silva, que mora na comunidade há 21 anos, ver alguém caindo no canal é rotina. “Além de ter que conviver com o cheiro horrível, com ratos e baratas, precisamos andar com cuidado por aqui. Minha filha já caiu nesse esgoto imundo diversas vezes”, conta a moradora.

Coceira e diarreia, doenças que indicam a falta de saneamento básico, também são constantes no cotidiano dos moradores. Além disso, quando a maré enche, o esgoto chega a entrar na casa dos que vivem na comunidade. A dona de casa Elisa Batista, de 62 anos, mora sozinha e explica que cansou de limpar a sujeira que invade sua residência. “É triste, mas a gente não tem escolha, acaba se acostumando com essa imundice”, lamenta.

A promessa da Compesa é que a situação seja revertida graças ao Programa Cidade Saneada, projeto que pretende otimizar a prestação do serviço de esgotamento sanitário na RMR e em Goiana. Segundo o diretor de novos negócios da Compesa, Ricardo Barretto, em 12 anos esta região terá 100% do esgoto tratado. “A coleta de esgoto também será restabelecida com atendimento de até 90% da região”, complementa.

Fonte: Folha PE

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