quarta-feira, 26 de junho de 2013

Paralisação de médicos é parcial em hospitais de Pernambuco

Ação é protesto contra anúncio da vinda de médicos estrangeiros ao país.
Serviços de emergência e urgência devem continuar sem interrupções.

Do G1 PE

Hospital da Restauração (Foto: Katherine Coutinho/G1)Urgência e emergência estão funcionando no Hospital da
Restauração (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Os médicos de hospitais federais, municipais e estaduais em Pernambuco aderiram parcialmente à paralisação de 24 horas convocada pelo sindicato da categoria nesta terça-feira (25). A ação é uma forma de protesto contra a medida anunciada pela presidente Dilma Rousseff, de trazer profissionais estrangeiros para atuar nas cidades do interior. A população se divide entre compreender os médicos e reclamar do atendimento.
No Hospital da Restauração, no bairro do Derby, no Recife, a urgência e emergência estão funcionando normalmente, mas o ambulatório está funcionando de maneira precária, com poucos médicos para atender às consultas marcadas. A costureira Tatiana Alves veio de Caruaru, no Agreste do estado, para uma consulta com especialista em traumas. "Você vir de longe e não ter atendimento é complicado", afirma Tatiana.
A artesã Maria do Amparo Souza entende o lado dos médicos ao paralisar, mas explica que trazer profissionais de fora pode ser uma solução. "Eu moro em Belmiro Gouveia e lá não tem médico. Acho que pode trazer de fora, mas tem que ter certeza de que são bons médicos", defende. A empregada doméstica Genilda Florêncio, que mora em Tracunhaém, apoia a paralisação se for por condições melhores de trabalho. "Olha, se tiver um médico lá na minha cidade, já é melhor que nada. Mesmo que não seja o melhor, pelo menos a gente seria atendida lá", acredita Genilda.
Levantamento
Na Policlínica Barros Lima, em Casa Amarela, e no Hospital das Clínicas, o atendimento está acontecendo de forma parcial nos ambulatórios. Procurada pelo G1, a Secretaria de Saúde doRecife informou que estava fazendo um balanço sobre as paralisações. A assessoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), também estava averiguando a paralisação.
Hospital das Clínicas (Foto: Katherine Coutinho/G1)Atendimento é parcial nos ambulatórios do Hospital das
Clínicas (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Serviços de emergência e urgência, chamados do Samu e atendimento aos pacientes internados devem continuar sem interrupções de acordo com o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). Pessoas que tiverem consultas e cirurgias programadas para esta terça em alguma unidade de saúde pública devem procurar saber se o atendimento está acontecendo normalmente e, caso contrário, buscar remarcar.
De acordo como presidente do sindicato, Mário Jorge, a categoria não é contra a entrada de médicos estrangeiros no país, e sim contra a proposta da presidente, que não esclarece se os profissionais trazidos vão se submeter a avaliação de currículo e competências. Mais de 4 mil médicos no estado foram notificados e uma assembleia geral extraordinária está marcada para as 14h de terça-feira, no auditório do Memorial da Medicina de Pernambuco, Rua Amaury de Medeiros, nº 206, bairro do Derby, área central do Recife.
Cremepe
O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) demonstrou apoio o movimento do Simepe e, em seu pronunciamento publicado no site oficial sobre o discurso da presidente da república, também discorda das medidas que serão adotadas pelo governo federal sobre o intercâmbio dos profissionais estrangeiros. O conselho também afirma que não vai habilitar nenhum médico estrangeiro sem a devida avaliação de competência e fluência em língua portuguesa.

Uma funcionária que pediu para não ser identificada informou que quase não havia médicos trabalhando no ambulatório nesta terça e que, na emergência, o atendimento também estava menor que o normal na maternidade e Políclinica Barros Lima. A dona de casa Flávia Sena não teve problemas com o ultrassom que estava marcado, mas afirmou que entenderia se tivesse de remarcar. "Se me avisassem antes e eu não desse viagem perdida, lógico que entenderia. O problema é a pessoa ter que chegar aqui e remarcar", aponta Flávia.
A auxiliar de garçonete Ana Clésia Medeiros também reclamou do atendimento na Barros Lima. "Eu fui perguntar e me disseram que só tem um médico atendendo, mas que vai parar. A população é que sempre sofre, só quem precisa dos hospitais sabe a realidade", acredita Ana Clésia.
Maternidade Barros Lima (Foto: Katherine Coutinho/G1)Maternidade Barros Lima também tem atendimento parcial
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
No Hospital das Clínicas, o atendimento também acontece de forma parcial, mas sob avisos de que pode haver paralisação. A dona de casa Maria Lindalva da Silva estava com consulta marcada há três meses com um dermatologista, mas foi informada para voltar na terça da próxima semana. "É muito difícil para mim, você vem, chega cedo e precisa voltar só na outra semana", reclama Maria Lindalva.
Precisando de uma consulta ginecológica para poder marcar cirurgia, Cícera Alves conseguiu remarcar o atendimento somente para 25 de julho. "Há oito meses eu pego encaminhamento de um lado para o outro, mas não consigo. Chega a dar um desânino na gente", desabafa Cícera.
Mesmo morando em Catende, a funcionária pública Maria Betildes Figueredo compreende a paralisação dos médicos e os motivos. "Eles estão lutando pelo que é melhor para a gente, não pode trazer um médico sem saber se ele é realmente bom. Se aqui no Brasil a gente já vê pessoas se passando por médico, imagina trazendo de fora?", questiona a funcionária pública. Já a aposentada Hildete Souza acredita que a vinda de médicos de fora do país possa ajudar a população. "Tem que trazer, já que os de cá não tem jeito mesmo, talvez isso incentive os médicos a começar a trabalhar direito", ponder Hildete.
Adesão
A Secretaria de Saúde do Recife informou que os serviços das maternidades e emergências estão funcionando normalmente, mas que a paralisação atingiu os ambulatórios da Policlínica Agamenon Magalhães, que conta 90% do número usual de médicos, a Policlínica e Maternidade Barros Lima, com 50%, enquanto a Policlínica Amaury Coutinho, a Maternidade Arnaldo Marques e o Centro Médico Ermírio Moraes não contavam com médicos durante a manhã - ou seja, tiveram adesão de 100% dos médicos.
A assessoria do Hospital das Clínicas informou que a paralisação atingiu apenas os médicos residentes, mas que o atendimento permanece normal na unidade, apenas mais lento.
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