quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Festa de São Lourenço, Tejucupapo, Goiana, PE 2013



                                     Igreja de São Lourenço, em Goiana PE - Foto de Biu Vicente

A última década do século XX voltei-me para conhecer um pouco o Sertão de Pernambuco e também o da Bahia, especialmente as regiões próximas do Rio São Francisco. Naqueles anos dediquei-me a assessorar o Centro de Ensino superior do Vale do São Francisco, uma das muitas autarquias criadas nos anos setenta, parte do esforço em formar professores e mão de obra com o objetivo de fazer o “milagre” brasileiro. Esses esforços de Atualização Histórica são parte de povos e nações que não fizeram a revolução tecnológica, como ensina Darcy Ribeiro. Bem, ao dedicar meus finais de semana ao Sertão do Francisco, deparei-me com belezas que jamais suspeitei e, embora meu envolvimento com a região tivesse ocorrido em momentos de forte tensão social e criminal, não pude evitar de gostar, de amar dos lugares, das pessoas. Fiquei tão sertanejado que meus filhos temiam tivesse eu constituído família na região. E, embora não tenha constituído, sinto-me parte de muitas famílias que freqüentei, e amigo de muitas pessoas que conheci. Sinto-me em casa na margem do São Francisco.
Mas o início do século XX, minhas atividades e curiosidades me trouxeram para a Mata Norte, onde, a cada dia, descubro a beleza de ser um angustiado ser humano. Quanta alegria e quanta dor não curada nas toadas do Maracatu Rural e nos versos do Cavalo Marinho! Conhecer a Mata Norte tem sido redescobrir as origens culturais da família sanguínea e, o sangue da grande família cultural do que foi um dia a Capitania de Itamaracá, hoje, agindo como um mangue cultural, gerando vida espiritual para a Região Metropolitana, que, embora deseje assemelhar-se a certas cidades de tradição anglosaxônica, só lhe cai bem os trajes latinos e mediterrâneos.

Semana passada fui, mais uma vez ao povoado de São Lourenço, Distrito de Tejucupapo da cidade de Goiana, experimentar, pela primeira vez, a delícia da Procissão da Lenha, festa em louvor a São Lourenço, Diácono e Mártir dos cristãos. A igreja, construída pelos Jesuítas no início da segunda metade do século XVI é uma preciosidade que estudantes de arquitetura deveriam visitar juntamente com seus colegas de história. A simplicidade das linhas contrasta com o povo mestiço que apinhava os espaços do templo. No pátio já estava, desde a madrugada a lenha que veio a ser utilizada na procissão das 16 horas. O bispo diocesano, Dom Severino, na celebração lembrou que foram roubadas das igrejas de Goiana várias imagens/estátuas, parte do patrimônio cultural brasileiro, mas a polícia, tão rápida em localizar uma obra de artista do século XX, não consegue localizar obra mais rara que, com ajuda de muitos, terminará na sala de estar de algum colaborador ou contratador dos ladrões.
São Lourenço
São Lourenço - foto de Biu Vicente
A festa em seus aspectos não religiosos já ia avançando com a turma do “beber, cair e levantar” em plena ação no início da tarde.
 Festa semelhante ocorre na cidade de São Lourenço da Mata, no mesmo dia 10.


Noticia do biuvicente

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