segunda-feira, 31 de março de 2014

Protesto: Trabalhadores rurais fazem bloqueio nas BRS

A Zona da Mata de Pernambuco amanhece, nesta segunda-feira, com mobilizações e bloqueios de BRs realizados por mais de dois mil trabalhadores e trabalhadoras rurais da região. Neste momento, eles bloqueiam os trechos da BR 101 Sul, na altura da Fábrica da Vitarella; da BR 101 Norte, próximo à Usina Maravilha, em Goiana; e da BR 232, em frente ao Parque Aquático, em Moreno. Além desses trancamentos, está acontecendo um ato na praça do Derby, no Recife, com distribuição de toneladas de alimentos produzidos pela agricultura camponesa e panfletagem.

As mobilizações são organizadas por diversos movimentos e organizações sociais e sindicais que atuam luta pela terra e por condições mais dignas de vida para a população que mora e trabalha no campo. São elas: FETAPE, CPT, MST, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Zona da Mata, Contag, CUT, CTB, Sabiá, Serta, Fase, Centro Josué de Castro, LecGeo/UFPE, ICN, Assocene, Coopagel, Coopag e Centro das Mulheres do Cabo.

Os trabalhadores e trabalhadoras rurais reivindicam uma série de medidas emergenciais e estruturantes para a região, no que diz respeito à permanência e acesso à terra e ao território; assalariamento rural; sistema produtivo, agroecologia, segurança e soberania alimentar; e políticas públicas e projetos/programas sociais.

As cobranças encontram-se no documento “Diretrizes para reestruturação socioprodutiva da Zona da Mata ”, elaborado pelas organizações sociais do campo e entregue em agosto de 2013 aos governos Estadual e Federal. São 85 propostas em contraposição ao modelo de desenvolvimento excludente e injusto vigente na região. Porém, passados sete meses da entrega do documento, nenhuma medida foi anunciada pelos órgãos estatais.

Além das propostas, as organizações denunciam o atual contexto de violação de direitos em que vive a população do campo na Zona da Mata. A região canavieira tem passado por profundas mudanças nas suas bases produtivas, onde o monocultivo da cana-de-açúcar passa a dividir espaço com o investimento e a instalação de grandes empreendimentos industriais. No entanto, denunciam os movimentos sindicais e organizações sociais que atuam na região, que este novo cenário tem aumentado as dívidas sociais históricas que deixam profundas marcas para as famílias que vivem no campo.

Foto: Blog do Anderson Pereira

O clima é tenso no bloqueio em frente à fábrica da Vitarella em Prazeres. Policiais já entraram em confronto com os manifestantes. Foto: Schelldon Diniz/Facebook
O clima é tenso no bloqueio em frente à fábrica da Vitarella em Prazeres.
Policiais já entraram em confronto com os manifestantes. Foto: Schelldon Diniz/Facebook

Mesmo com mudanças em suas bases produtivas, a estrutura fundiária na região permanece intocada. A ausência de medidas que visem modificar os índices de concentração de terras, - um dos mais altos do país - condena a população do campo a viver em situações alarmantes de conflitos agrários ou em condições desumanas nas periferias dos municípios. A Zona da Mata também possui municípios com alguns dos piores Índices de Desenvolvimento Humano de Pernambuco e do Brasil, além de ostentarem altos índices de analfabetismo. Segundo dados do IBGE, 17,6% da população da região ainda vivem em situação de extrema pobreza e cerca de 50% das famílias dependem de programas de transferência de renda para sobreviver.

Para os movimentos e organizações sociais, a mobilização tem o objetivo de denunciar que este modelo de desenvolvimento não resolve esses históricos problemas, e de apontar a Reforma Agrária e a defesa dos territórios camponeses como proposta concreta para enfrentar os principais desafios e o combate à fome, tão presente na Zona da Mata. As organizações também denunciam a situação de degradação ambiental na região com o uso de agrotóxicos que contaminam os solos, as fontes de água e os alimentos, gerando diversos problemas de saúde na população rural e urbana; e, o contínuo desmatamento da Mata Atlântica, que ocasiona a perda da biodiversidade, fatores ambientais que levam a população urbana e rural a enfrentar ciclicamente os desastres ambientais como as grandes enchentes e estiagens prolongadas.

Veja mais fotos:

Foto: Pitimbu Online/ Otávio Borges

Foto: Pitimbu Online/ Otávio Borges
                                      
Foto: Pitimbu Online/ Otávio Borges


Foto: Pitimbu Online/ Otávio Borges

Foto: Pitimbu Online/ Otávio Borges

Foto: Pitimbu Online/ Otávio Borges


Foto: Pitimbu Online/ Otávio Borges

Foto: Pitimbu Online/ Otávio Borges
FONTE : www.pitimbuonline.com

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